Fetos, vestidos de folhas de palmeira, vigiam os passos cuidadosos de visitantes estranhos à floresta centenária. Paramos para comer numa mesa que poderia ter sido, em tempos, a pedra tumular de uma fada coroada rainha. As copas sussurram dialectos esquecidos, mensagens secretas transportadas pelo vento.
Registam-se as imagens do passado para no futuro sabermos que marcas deixámos cravadas no solo. À nossa frente, uma árvore guarda os degraus de uma escada de pedra, pisada vezes sem conta. Se existem mistérios nas folhas caídas, escondem-se de mim, há muito que deixei de procurar as perguntas para as respostas que já conheço. O que farias se, em cima da mesa, encontrasses apenas as chaves do carro…?
Foi na fonte fria que a rainha conheceu o cavaleiro que traria a ruína ao reino.
O silêncio acompanha-nos enquanto subimos ofegantes até à Cruz Alta, um bom sítio para morrer na solidão em que vivemos.